A IGREJA E O CLERO DIAMANTINENSE

ACONTECIMENTOS E FOTOS DA RELIGIOSIDADE NO TIJUCO 
E NA DIAMANTINA ANTIGA






                                   A CATEDRAL DE DIAMANTINA 

   No local onde hoje existe a Catedral de Diamantina, existiu outrora a mais antiga Igreja de Diamantina- Santo Antônio da Sé. Era uma construção de madeira e adobe. O seu retábulo bastante trabalhado com detalhes de bom gosto, ostentando várias colunas salomônicas. Tudo naturalmente dourado. Além do altar-mor- dois altares laterais; o do lado esquerdo, com colunas salomônicas e arquivoltas concêntricas pertencendo à primeira fase do barroco. O do lado direito datado provalvemente de 1740 [50] filia-se ao estilo D.João V, mostrando coroamento em dossél e nichos entremeando quartelões e colunas laterais decoradas com guirlandas.
          A sua nave principal era dividida em tres partidos, por imensas colunas em arcadas romanas.
         A sua fachada era simples, ostentando uma torre, com relógio, ao lado esquerdo. Ao lado da Igreja, existiu um Cemitério, em um elevado tendo os seus paredões de pedra sabão lavrada. Este Cemitério destinava-se ao sepultamento dos importantes do Tijuco e que talvez não pertenciam à nenhuma Irmandade Religiosa, e o antigo Cemitério do Burgalhau ficou somente para enterrar presos, indigentes e desconhecidos. Em 1884, neste cemitério da velha Matriz, que era bem no coração da cidade, foi proibido o enterramento na Administração do Sr José Felício dos Santos, que o fez desaparecer para alargar a rua e obter uma pequena praça. (Acervo Zé da Sé).





                                     A  PRIMEIRA  PEDRA  DA  CATEDRAL

         Aos 15 de março de 1932, efetuou-se a bençâo da 1ª pedra da Catedral de Diamantina, pelo Sr D. Joaquim Silvério de Souza, Arcebispo Metropolitano. Era Cura da Catedral, Monsenhor Antonio de Souza Neves. Foi orador da solenidade o Dr. Soter Ramos Couto. Estavam presentes os futuros construtores da mesma: Sr.Celso Werneck, Nestázio Freatezzi e João Máximo Dias.
[Zé da Sé].





                                                IGREJINHA DO BAMBÃES

Esta pequena Capela foi levantada pelo Sr Bernardino Vieira do Couto, apelidado de Bambães, em honra a Nossa  Senhora da Soledade, Virgem da sua devoção. Existiu por muitos anos inacabada; Bernardino, ou Bambães, entendeu construir na Praça do Cruzeiro, local onde os bandeirantes plantaram os primeiros ranchos do povoado. Ele era Oficial de Carpinteiro ( Carapina), sem recursos, foi erguendo-a a poder de tostões que tirava do povo de modo original. Saia pela rua acompanhado da meninada da redondeza, carregando dois Sinos em andores, cujas cordas ele puxava cá de baixo, bimbalhando-os sem cessar e cantando uma quadrinha mais ou menos assim: " As esmolas que deres ao Sino - Em favor da virtude e humanidade, - Tudo pode fazer a voz divina - Pelo bem e amor à eternidade". Muito afável e cortês, seu tratamento para todos era de " Meu Belo", acabando por ficar conhecido pela saudação que foi incorporada ao seu nome, apesar de ser uma figurinha grotesca. Fechando os olhos ( no ano de 1905) sem ver concluído o que idealizara e ocupara anos de sua vida, não achou um continuador que lhe completasse a empreitada e o tempo foi se encarregando rapidamente de desfazer o que o esforço humano construíra. Ameaçando ruir, foi demolida (1938) por ordem do Prefeito Francisco Neto Mota. (Zé da Sé)







                   CAPELA IMPERIAL DE NOSSA SENHORA DO AMPARO
Iniciada a sua construção provavelmente em 1773 pela Irmandade dos Homens Pardos. O título de Capela Imperial foi-lha outorgada logo após a proclamação da Independência do Brasil, ajustada assim para receber o Príncipe Imperador caso viesse ao Tijuco, em sua fachada há um emblema característico, trazendo a Coroa  respectiva.Aí se celebra anualmente a tradicional festa do Divino Espírito Santo, com um " Imperador" sorteado por um ano, dentre um grupo de cavalheiros da melhor sociedade local. ( Zé da Sé).




                      A IGREJA DO ROSÁRIO -- DO BARROCO MINEIRO 

 A mais antiga de Diamantina, erigida em 1728 pelos pretos escravos e forros. Exemplar raro da arquitetura religiosa do século XVIII, ela possui pinturas do guarda-mor José Soares de Araújo; pinturas a bico de pena, de Estanislau Miranda; objetos sacros preciosos e Imagens laminadas a ouro com destaque para a "Pietá” existente na Sacristia. Como nas demais Igrejas setecentista de Diamantina, a de Nossa Senhora do Rosário tem característica locais por ter uma única torre construida em madeira e barro, que fica do lado esquerdo e tem a singularidade da sua grimpa ser em forma de águia bicéfala. No interior do Templo, pode-se admirar no Altar mor um magnífico tipo de retábulo de dossel cercado de curiosos ornatos em voluta. No alto do trono elevado e finalmente ornamentado fica a Imagem de Nossa Senhora do Rosário coroada, carregando o Menino Jesus também coroado. Duas curiosidades valorizam mais esse templo: O velho Cruzeiro de madeira incrustado no tronco de uma gameleira que casualmente nasceu em um de seus braços, conhecido como Cruz da Gameleira, e a festa de Nossa Senhora do Rosário, muito antiga e tradicional, com festejos que ocorrem de 28 de maio até o dia 2 de junho. (zé da Sé)



                               A IGREJA DO ROSÁRIO 

 Fica no largo do mesmo nome e foi construida em 1729, pela Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos. Aí quase todas as Imagens são de Santos Pretos: como Santa Efigênia, Santo Elesbão, São Benedito, Santo Antônio de Cartagerona, etc.
         Em sua Capela-Mor, pode-se ver belíssima pintura do Sargento Mor José Soares de Araújo, o mesmo que pintou a Igreja do Carmo.
         O seu Altar-Mor é um magnífico tipo de retábulo em dossel cercado de curiosos ornatos em volutas. As quatro colunas são de fuste liso com a parte inferior torsa. Os dois nichos ficam entre colunas que ladeam a abertura do trono e as extremas.  Tudo pintado a ouro.
         No alto do trono, belíssima Imagem de Nossa Senhora do Rosário, em madeira, carregando o menino e coroada com uma enorme coroa de prata.
         Nesta Igreja, realiza-se com toda a pompa tradicional a festa de Nossa Senhora do Rosário, com o seu tradicional reinado. O Rei e a Rainha percorrem as ruas da cidade com a sua Côrte, guarda de honra, caudatários, etc.
         Defronte da Igreja, há o curioso cruzeiro, que brotou, transformando-se em frondosa árvore. Segundo a tradição, o construtor dos martírios do cruzeiro teria previsto, que se aquele cruzeiro algum dia brotasse é porque a sua alma estaria salva. Aconteceu que poucos dias depois foi barbaramente assassinado.
[É assim Diamantina, cheia de lendas e tradições]. (Zé da Sé)







                                        A PRIMEIRA PEDRA DA BASÍLICA -

                   Aos 16 de março de 1884, foi dada a benção à primeira pedra da Basílica do Sagrado Coração de Jesus. Nela foi depositada pequena Imagem do Sagrado Coração de Jesus, de ouro maciço. Benzeu-a o Sr. D. João Antônio dos Santos, na ocasião, discursou o Padre Bartolomeu Sipolís, ex-Reitor do Seminário. A Banda de Música "Corinho” abrilhantou as solenidades.
         O Português Luiz Martins de Figueiredo, foi o construtor, trazendo do Caraça os seus companheiros de trabalho, onde terminara a Igreja de lá aos 23 de maio de 1883.
Fonte: Acervo Histórico e Fotográfico 'Zé da Sé'-
              Livro nº 01 - Página º 34



                           BASÍLICA DO SAGRADO CORAÇÂO

         Aos 15 de janeiro de 1885, são iniciados os trabalhos de construção da Igreja de pedra, a futura Basílica do Sagrado Coração de Jesus, sendo Bispo de Diamantina D. João Antônio dos Santos e reitor do Seminário, o Padre Bartolomeu Sípolis.
         Os trabalhos de construção ficaram com o mestre de obras Antônio Luiz Martins Figueiredo, que foi também, o construtor da Igreja do Colégio do Caraça.(Zé da Sé)








                         A ORDEM E A IGREJA DO CARMO - [1754]

 A Ordem Terceira do Carmo era constituida de gente abastada, funcionários da Administraçâo do Tijuco e várias pessoas de categorias sociais diferentes, incluindo-se entre eles o Quinto Contratador João Fernandes de Oliveira, famoso pela sua riqueza imensa e pelos seus amores com a Chica da Silva.
         Era interesse dos irmãos erigirem uma Capela, que seria a sede própria da Ordem Terceira do Carmo. A sede da Ordem era Vila Rica e esta podia autorizar filiais. Quase todos queriam que a Igreja fosse ao alto da Rua Direita, por ser o lugar apropriado e de posição invejável, dominando desde o alto a população.
         João Fernandes foi contrário. Queria que fosse construida no local onde existia a Capelinha de São Francisco de Paula, bem defronte à Casa do Contrato [hoje Palácio Arquiepiscopal], isto por comodidade ou por capricho, porque o local era estreito e triste e retirado do centro do povoado. Os Irmãos descontentes recusaram o projeto, protestando não concorrer com os custos da construção, o que foi motivo para que João Fernandes de Oliveira tomasse a obra inteira sobre sí, fazendo erigir a Capela, um dos mais ricos templos do Tijuco.
         Os professores engrossaram rapidamente o núcleo que chegou a ter 409 irmãos em 1778.  Foi inaugurada em 1754. A Imagem de Nossa Senhora do Carmo foi trazida, com duas coroas de prata, em 1758, ensejando uma esplendorosa exibição de riquezas.(Zé da Sé)



IGREJA DO SENHOR DO BONFIM DOS MILITARES
Construida em 1771 com os óbulos dos Militares que residiam no Tijuco. As suas Imagens antigas e um Candelabro de prata em cujas correntes se vêem folhas de parreira e cachos de uva são suas atrações. No nicho do Altar -Mor acha-se a imagem de Nossa Senhora das Dores com seu punhal de prata, que sai na Procissão do Encontro, na Semana Santa. (Livro  01-do acervo zé da sé).



                                    Uma Cerimônia Religiosa no antigo Tijuco
                        (Observem o número extraordinário de Estandartes das Ordens Religiosas e de Santos Padroeiros)


                                                1944 - Domingo da Ressurreição



                                   Década de 30 ( 1930 )- Domingo da Ressurreição




                                      ANTIGO CLERO DIAMANTINENSE



                     1909- ANTIGO CLERO DIAMANTINENSE -
                               RETIRO ESPIRITUAL -
( Na foto:identificados: Nº 26 -1º Arcebispo Dom Joaquim Silvério de Souza- nº 05 Padre Antônio Tôrres - Nº 08 Padre José Pedro Lessa.



                             UMA PROCISSÃO NA DIAMANTINA ANTIGA
                                ( Observe o costume de se elevar Estandartes de Ordens Religiosas ou de Santos)


            Procissão do Enterro de Dom Joaquim Silvério de Souza -               
                                                     Agosto de 1933




                                         PROCISSÃO NA RUA DIREITA
                     (Destaque para os Estandartes das Ordens Religiosas e dos Santos)




UM DOMINGO  NA DIAMANTINA ANTIGA
Termino da Missa do Dia.

Detalhe da pintura do forro da Capela de N. S. do Carmo, Diamantina -1765
 José Soares de Araújo (1723-1799) 
 Nascido em Braga (Portugal), o guarda mor José Soares de Araújo chega ao Arraial do Tejuco em 1765. A pintura desse artista possui características barrocas, onde notamos um jogo perspectivo de grande qualidade, seguindo a escola do italiano Andrea Pozzo (1642-1709). Além do domínio técnico para concepção de ilusão na pintura, são próprios de seu estilo o equilíbrio no uso da cor e a sobriedade dramática na representação de personagens.

FOTOS... FATOS... CURIOSIDADES HISTÓRICAS 02 ... Amigos, sintam-se a vontade, solicito somente que, ao extrair fotos e relatos históricos deste Blog, fineza identificar a fonte. Obrigado pela visita.

                                                       PRAÇA DO BONFIM

                               " FELISBERTO  E  BACELAR "

         Na Semana Santa de 1752 deu-se um episódio no Tijuco que vem ilustrar a severa condição em que se encontrava a mulher, e a reação violenta a qualquer gesto que pudesse violar sua integridade moral. O Ouvidor da Vila do Principe Dr. José Pinto de Morais, imbuido do filosofismo dominante na época, se comportou no templo de maneira inconveniente com grande escandalo dos tijuquenses. Em dado momento, querendo demontrar a sua admiraçâo por linda jovem parente dos Caldeiras, atirou-lhe no colo uma flor, que ela repeliu com dignidade. Felisberto Caldeira Brant - Contratador dos Diamantes exigiu-lhe satisfações e depois de uma discussão deu-lhe uma punhalada que não o ofendeu por ter resvalado em um botão de metal da casaca. Depois disso, perseguido e intrigado pelo Intendente e pelo Ouvidor, Felisberto caiu em desgraça, foi preso por motivo futil, sequestrado os seus bens e enviado para Lisboa.

                                             LARGO DOM JOÃO

                                         XICA DA  SILVA

Francisca da Silva era uma mulata filha do Português Antônio Caetano de Sá com uma negra Africana de nome Maria da Costa. Foi escrava de José da Silva e Oliveira que era casado com D. Ana Joaquina Rosa, pais do Padre Rolim. Foi libertada a pedido de João Fernandes. Segundo Felício dos Santos, era alta e corpulenta, tinha feições grosseiras, trazia a cabeça raspada e coberta com uma cabeleira anelada em caixos pendentes como então se usava, não possuia graças, não possuia beleza, não tivera educação, enfim nenhum atrativo. Quando João Fernandes a tomou, já tinha dois filhos, um deles o célebre Dr.Simão Pires Sardinha, com cuja educação despendeu soma fabulosa. Formou-se em várias faculdades, viajou pelos principais paises da Europa e com a proteção de João Fernandes ocupou diferentes empregos na Côrte. Em contra-partida o Escritor e Historiador conterrâneo, Soter Couto, afirma, em seu Livro "Diamantina-Roteiro Turístico-Histórico" que, Xica da Silva " era uma mulata de rara beleza e elegante porte, de olhar penetrante e sedutor, produto da união de duas raças, e do queixo às espaduas, como dizia um escritor, sentia-se o sortilégio de todas as graças. Seu donaire, apesar de analfabeta, prendia os olhares de todos. As duas maiores e destacadas autoridades da coroa portuguesa, Dr. Manoel Pires Sardinha e o Contratador dos Diamantes, João Fernandes de Oliveira, deixaram se enlear nos seus roliços braços e colheram, nos seus purpurinos e suculentos lábios o néctar que os escravizou de amor aos pés da escrava das senzalas. Podiam tê-la como concubina, para satisfazer-lhes os desejos, mas seus encantos eram tamanhos que, apaixonados, lhe rendiam homenagens como senhora e rainha de seus corações.
         Xica da Silva faleceu aos 15 de Fevereiro de 1796.

                     Em frente ao Prédio do velho Hospital ficava o Túmulo do Barão de Paraúna.


                                          O PALÁCIO DA PALHA

 João Fernandes de Oliveira construiu na chamada Chácara da Palha ou Chácara da Xica da Silva, um edifício de grande porte, uma espécie de Castelo, hoje desaparecido, conhecido pelo nome de Palácio da Palha, que possuia belos jardins, cascatas artificiais, Capela particular e uma ampla sala onde se realizavam representações teatrais e as audições musicais.
         Alí o Contratador, tão favorecido pela fortuna, levava os seus amigos de importãncia. Fala-se de peças como "Os encantos de Medeia”, "O Anfitriâo”, "Porfiar Amando "“ Xiquinha por amor de Deus” e outras, porém os títulos não se encontram em referência documental - nasceram seguramente da imaginaçâo de alguns historiadores. Deve ter sido maior o número de peças levadas ao palco deste teatrinho particular que não teve, desde logo transcendência popular.
         Também não se chegou a saber se o Contratador contava com um elenco estável ou com eventuais temporadas de atores contratados. Dos músicos não havia necessidade de preocupar-se, porque sempre achariam ocupação num arraial musicalmente muito desenvolvido.



                           1928 - INAUGURAÇÃO DO PRÉDIO DO QUARTEL DO 3º BATALHÃO

                                 ANTÔNIO CARLOS EM  DIAMANTINA -

         Aos 11 de outubro de 1928, chegava à Diamantina o Presidente do Estado Dr. Antonio Carlos Ribeiro de Andrade. Trouxe uma grande comitiva. Foi recebido na gare da Central do Brasil, pelo povo e alunos das escolas. Ficou hospedado no palacete do Sr. José Neves Sobrinho e o Dr. Alfredo Sá, no palacete do Sr. Franklim de Carvalho. Nesta ocasião foi inaugurado o novo prédio do Quartel do 3º Batalhão, na colina da Saudade. No Cine Trianon, o Agente Executivo Prof. Juscelino Dermeval da Fonseca, lhe ofereceu um grande banquete, ocasião em que se verificou o seguinte fato: à cabeceira da mesa estava a cadeira que D. Pedro II ofereceu ao Bispo de Diamantina D. João Antônio dos Santos e que naquela época era a cadeira em que se sentava o Arcebispo D.Joaquim, em seu trono na Catedral. Admirada pela beleza da cadeira, perguntou que cadeira era aquela- E lhe disseram que a cadeira tinha sido de D.Pedro II, D.João e D.Joaquim. Foi então que ele disse: - "Cadeira que foi ocupada por tão ilustres personagens, ele não se julgava digno de ocupar". E a cadeira vasia, presidiu o banquete. [J. A. P-Zé da Sé -].


                       A ORDEM E A IGREJA DO CARMO - [1754]

 A Ordem Terceira do Carmo era constituida de gente abastada, funcionários da Administraçâo do Tijuco e várias pessoas de categorias sociais diferentes, incluindo-se entre eles o Quinto Contratador João Fernandes de Oliveira, famoso pela sua riqueza imensa e pelos seus amores com a Chica da Silva.
         Era interesse dos irmãos erigirem uma Capela, que seria a sede própria da Ordem Terceira do Carmo. A sede da Ordem era Vila Rica e esta podia autorizar filiais. Quase todos queriam que a Igreja fosse ao alto da Rua Direita, por ser o lugar apropriado e de posição invejável, dominando desde o alto a população.
         João Fernandes foi contrário. Queria que fosse construida no local onde existia a Capelinha de São Francisco de Paula, bem defronte à Casa do Contrato [hoje Palácio Arquiepiscopal], isto por comodidade ou por capricho, porque o local era estreito e triste e retirado do centro do povoado. Os Irmãos descontentes recusaram o projeto, protestando não concorrer com os custos da construção, o que foi motivo para que João Fernandes de Oliveira tomasse a obra inteira sobre sí, fazendo erigir a Capela, um dos mais ricos templos do Tijuco.
         Os professores engrossaram rapidamente o núcleo que chegou a ter 409 irmãos em 1778.  Foi inaugurada em 1754. A Imagem de Nossa Senhora do Carmo foi trazida, com duas coroas de prata, em 1758, ensejando uma esplendorosa exibição de riquezas.




                                PADARIA DA RUA DO MACAU DO MEIO

Esta Padaria foi fundada pelo Capitão José Corrêa da Silveira, pai de numerosa familia, hábil lapidário de diamantes e depois Comerciante de gêneros do Pais; passou-a depois para o Sr José Batista Brandão; O Capitão Corrêa foi o 6º Presidente da União Operária, falecendo em 24 de março de 1907. ( pg 93-Efeméride)


                                   - CAPELA E CONVENTO DA LUZ –

         Aos 29 de agosto de 1756, levantam-se os primeiros esteios da Capela e do Convento da Luz, no alto da cidade sob o risco e sindicância da portuguesa Teresa Perpétuo Corte Real.
         Esta cumprindo promessa feita em Portugal, durante seus apuros e temores no Terremoto de Lisboa [1755]. Os Tijucanos auxiliaram em suas despesas.
 Aos 19 de fevereiro de 1758 é construida a Igreja de Nossa Senhora da Luz, às espensas de Dona Tereza Perpétuo Corte Real, com algum adjutório do povo. Anexo a ela, de parede e meia fez também um Orfanato, que o Arraial apelidou de "Convento”, chegando a recolher 150 crianças. Dona Tereza era muito rica, casada com o Sargento-Mor Duarte, funcionário dos Diamantes no Tijuco.
         Esta Igreja foi uma promessa feita por ela, nas angustias e pavores do terremoto da Lisboa a 1º de novembro de 1755. Nâo morrendo, veio cumprir a promessa no Tijuco para onde seu marido foi transferido. A Imagem de Nossa Senhora da Luz ela retirou de uma das Igrejas de Lisboa, prestes a desabar.
         O historiador Dr. Paulo Kruger Mourâo sustenta que esta Capela foi acabada nos começos de 1800.



                                            UMA CERIMÔNIA CÍVICA-MILITAR


                                           A  IGREJA  DA  LUZ  -

                   A Capela de Nossa Senhora da Luz, de Diamantina, foi construida pela portuguesa Tereza de Jesus Pérpetuo Corte Real, em cumprimento de promessa por ter se salvado do terremoto de Lisboa, em 1755.  Entretanto a construção do pequeno templo é efetivamente de época posterior.  Em 1803 D. Tereza obteve parecer favorável ao requerimento por ela dirigido ao então regente Dom João, pedindo autorização para "erigir capela, com orago de Nossa Senhora da Luz, e fazer-lhe um crescente Patrimônio para sustentação do Culto Divino”.  Em 1819, já devia estar concluida, pois nesse ano ocorreu a transladaçâo da Arquiconfraria do Glorioso Patriarca São Francisco, da Capela do Amparo para a Luz.  Cinco anos mais tarde D. Tereza fazia doação da Capela à referida Arquiconfraria.  Funcionou anexo à capela, um recolhimento educandário para meninas orfâs, que ao contrairem matrimônio recebiam de dote um faqueiro de prata e 100 mil reis. Tereza faleceu a 15 de julho de 1826 e foi sepultada a entrada do templo, sob o coro.  A Capela passou por várias reformas; a principal delas, demoliu-se parte da frente do edifício; em razão de um novo alinhamento da rua, o que determinou substancial mudança na fachada.
         A Imagem de Nossa Senhora da Luz é originária de Portugal.





                                    IRMANDADE  DO  SANTÍSSIMO –

   Aos oito de julho de 1759, fundação no Tijuco, da Irmandade do Santíssimo Sacramento.
         Eis os primeiros mesários: Procuradores: Luiz Gomes da Fonseca - Manoel Pires de Moura; Escrivâes: Manoel Moreira Campos e Luiz Mendonça Cabral; Mesários: Jerônimo da Silva Corrêa e Manoel José Corrêa.
         Foi fundada por alguns irmãos da Irmandade da Freguezia da Conceição da Vila do Principe [Serro].  



RUA DIREITA
                ADMINISTRAÇÃO DOS TERRENOS  DIAMANTINOS 

 Aos dois de agosto de 1770, Caetano José de Souza é demitido  do emprego de Primeiro Caixa da Administração dos Terrenos Diamantinos devendo, perante o Intendente,  prestar constas da sua administração e entregar ao sucessor por inventário e balanço em forma mercantil , tudo o que fosse da Extração, depois devia sair da Demarcação como pessoa supérflua.
LARGO DOM JOÃO ( LARGO DO SEMINÁRIO)

                       " A IGREJA  E O CONVENTO DA LUZ "

         Aos 15 de julho de 1826, quase um ano após as missões dos Padres Lazaristas do Colégio do Caraça, faleceu no seu convento da Luz, no Arraial do Tijuco, a bondosa matrona D. Tereza Perpétuo Corte Real, que saiu de Lisboa após o tremendo terremoto de 1755. A Igreja da Luz e o Convento fundados por ela, foram promessa a Nossa Senhora da Luz, para não morrer esmagada sob os escombros.
         De Portugal trouxe a Imagem. Falecendo nonagenária teve missa de corpo presente e ofício de nove lições quando era vigário o Pe. Sebastião José de Almeida.
         Foi inhumada debaixo do Côro da sua Capela, mas hoje está do lado de fora porque a Igreja foi diminuida no seu tamanho. No Convento, D. Tereza criou a conhecida D. Nazaré, o futuro Barâo de Parauna, as Três irmãs Monteiras que legaram o nome à rua existente na cidade. Quando uma menina se casava na Capela do Convento, levava um dote de 3 mil cruzados, um faqueiro de prata  e um lotezinho para uma casa. D.  Tereza foi casada com Sargento Mor. Faleceu em odor de santidade.



RUA DA QUITANDA
                                           ANIMAIS CURIOSOS =

 Aos 13 de março de 1768, três naturalistas Franceses que percorriam o Brasil em estudos sobre o reino animal, passando pelo Tijuco  foram até as águas do Jequitinhonha, para ver animais aquáticos.
         No lugar denominado "Pau d'Oro" [ Pau d'oleo ] descobriram anfíbios  curiosos e pequenos animais à semelhança de Camarôes .


                                            IGREJA DO CARMO  COM A TÔRRE PARA A FRENTE

                                          3 de agosto de 1771

É organizado o Regulamento para o Governo da nova  Administração dos terrenos Diamantinos, que perdurou até a época da Constituição.
  3 de agosto de 1786 = Trinta garimpeiros são presos em um quilombo da serra do Bananal, escravos de Antônio Ferreira Campos e Francisco Santini. Foram carimbados com ferro em brasa e açoitados com "bacalhau ".



            PRAÇA DO BONFIM - RECEPÇÃO AO DR ANTÔNIO MOTTA- RECÉM FORMADO-MEDICINA


                                  O LIVRO DA CAPA VERDE

Aos dois de agosto de 1771 foi organizado o célebre Regimento Diamantino, pelo qual fomos governados até a época da Constituição.
         Por ordem de 20 do mesmo mês foi remetido ao Intendente Francisco José Pinto de Mendonça um exemplar dele impresso para ser publicado no Tijuco, devendo depois ficar reservado e ser registrado  no livro dos registros, para quem aí quizesse ler, sendo porém absolutamente  proibido  tirar-se cópia ou traslado: tal era a importãncia e respeito, que se devia tributar ao regimento.
         Como os livros bíblicos, proibiu-se copiá-lo. Mas esta proibição nunca se observou e há ainda hoje numerosas cópias manuscritas.
         O único exemplar remetido ao Intendente veio impresso in fólio, e encadernado com capa de marroquim verde; por esta razão o povo o denominava de “Livro da Capa Verde”, e com este apelido era geralmente conhecido.
         Regimento Diamantino, era o seu nome oficial.
         Livro da Capa Verde! Palavra que excitava terror na demarcação diamantina; era como espantalho, que continha os criminosos., O brasileiro não  se recorda com mais  horror  do livro do "quinto", o ateniense não falaria com mais respeito do código sanguinário de Dracon! Se os Tijuquenses tivessem algum dia de fazer uma revolução, seria com o fim de se obter a sua revogacão. Quando em 1821 se proclamou a Constituição  das cortes do Tijuco [ e nós também fizemos a nossa pequena revolução ], de  envolta com os vivas , que demos à liberdade, ouviram-se repetidos morras ao Livro da Capa verde.
         Não é porque no regimento houvesse muita coisa nova, além do que já se achava estabelecido pelas leis, bandos, ordens e portaria anteriores; mas ele era como um resumo ou compilação de todas essas disposições publicadas  em diferentes tempos e circunstâncias, conferindo ao Intendente um amplo poder discricionário, partilhado pelo fiscal, caixas e outros empregados da administração.



                                  PRAÇA DA CAVALHADA VELHA - ATUAL DR PRADO

                          UMA MENINA É ENCONTRADA NA PORTA IGREJA DA LUZ 

Aos dois de fevereiro de 1772, ás cinco horas da manhâ, ao abrir  a porta do Convento  da "Luz", a fundadora da Igreja e do Convento da Luz, Tereza de Jesus Perpétuo Côrte Real , encontrou uma criancinha dentro de um balaio envolvida  em retalhos de pano. Recolheu-a e criou-a, educando-a no seu  Convento. Antes de abrir a porta estava lendo, a luz de um candeeiro de azeite, um livrinho religioso que falava sobre Nossa Senhora a Virgem de Nazaré, batizou a criança com nome de Nazaré.
         Crescendo revelou inteligencia e tino administrativo. Saindo do "Convento ", Casou-se, tornou-se rica. Levantou um casarão à rua da Romana e foi proprietária da Chácara da Dona Nazaré, verdadeiro  latifundio na beirada da cidade. A chácara ficava no alto da Grupiara, onde hoje existe o Grupo Escolar Joaquim Felício, criado aos 12 de outubro de 1948.
         Um anciâo contou uma vez a um professor do Seminário, que vira certa vez um quarto cheio de garrafas de champagne do chão até ao teto. Até o ano de 1925 ou mais, viam-se ainda uma mesa e bancas de pedras no meio da relva onde ela e os convidados tomavam as suas bebidas à sombra de copa das árvores. Este local era pasto em 1925 e agora é ocupado pela Praça de Esportes de Diamantina Tenis Clube e por casas residenciais à direita de quem desce a Avenida Francisco Sá.



                                 RUA DA QUITANDA- PRIMEIRO POSTAL COLORIDO -À MÃO

                                         IGREJA DAS MERCÊS  

É  também uma Igreja Setecentista, se bem que de menor  valor artístico que a do Carmo, São Francisco  e Rosário. Foi construida em virtude de uma desarmonia, em 1771,  havida na Irmandade do Rosário dos pretos, daí surgido uma cisâo, porquanto os pretos nascidos no Brasil ou crioulos, constituidos em Irmandades das Mercês, admitiam entre os seus membros quaisquer pessoas, incluindo escravos.
         A construção  da Igreja das Mercês foi deliberada em 1772,  sendo ajustada a obra da capela-mor com o mestre carapina José Manoel Freire, em 1785. A pintura foi feita em 1794  por Manoel Àlvares Passos, a da  Capela mor. Em 1812, Esperidiâo Roiz Cunha fez a pintura do forro. Consta que Conrado Caldeira Brant em 1788 teria dado uma esmola para a compra de um orgâo  para esta Igreja, mas este instrumento não existe.
         A Igreja tem uma só torre localizada no centro. Aí se realiza a tradicional festa de Nossa Senhora das Mercês, no dia 15 de agosto. Havia  outrora nesta festa, a procissâo da areia e a dança dos negros velhos.






NOTÍCIAS DO JORNAL O TEMPO - BH

Diamantina
Orgulhoso guardião do Acervo Histórico e Fotográfico Zé da Sé, o coronel reformado e músico Nélio Lisboa criou um espaço na internet para dividir as informações sobre Diamantina que fazem parte do arquivo. No blog www.nelioblog.blogspot.com, ele publica histórias desde o ano de 1684 até os dias de hoje, recheadas de detalhes e curiosidades. Além de fotos raras, há imagens atuais da cidade, feitas pelo autor do blog. A fotografia é uma das grandes paixões dele. Nélio concilia as pesquisas históricas com o trabalho como diretor e um dos membros do conjunto musical JK em Seresta.